O Peru é um país de tradição e de passado indígena, mas também fortemente ligado aos costumes impostos pelos conquistadores espanhóis, que chegaram à região na primeira metade do século 16. Essa mistura de culturas deixou em seu vasto território monumentos históricos, igrejas e sítios arqueológicos. A natureza também não deixa por menos: aqui, há belas florestas, desertos e cordilheiras nevadas. Na lista de cidades e atrações imperdíveis está Cusco, Patrimônio Histórico da Humanidade, cujas ruas e becos de pedras parecem respirar os mesmos ares da época dos incas. A capital, Lima, tem encantadora arquitetura colonial. Mas são os misteriosos territórios de Machu Picchu que mais atraem os turistas que visitam esse país.
Na costa norte, o eixo entre a colonial Trujillo e a pacata Chiclayo reserva descobertas arqueológicas impressionantes. Ali foram encontrados o Senhoe de Sipán, um semideus da cultura moche, anterior aos incas, além da Dama de Cao, múmia preservada depois de 1700 anos que evidencia o relevante papel das mulheres nas sociedades pré-colombianas. Nessa região, também estão as ruínas de Chan Chan, a monumental capital de barro chimú, Patrimônio da Humanidade desde 1986. Quando visitar o altiplano andino, lembre-se de que a altitude pode vir a lhe causar o mal da montanha (soroche), então siga um ritmo lento para adaptação e curta o lugar com calma.
Já ao sul, encontram-se as misteriosas linhas de Nazca, fonte das mais amalucadas teorias sobre sua função e construção, indo de alienígenas a uma civilização superior perdida. Seja como for, só é possível apreciar sua dimensão de avião, helicóptero ou balão. Ruínas espetaculares, trekkings fundamentais, uma cultura única e uma rica gastronomia. O Peru está logo aqui ao lado. Não deixe de conhecê-lo!
INFORMAÇÕES ÚTEIS
FUSO HORÁRIO: (-) 2 hora (Horário de Brasília) No Verão, (-) 3 horas.
DOCUMENTAÇÃO: Passaporte na validade ou RG. Não serão aceitas Carteiras emitidas por Ministérios Militares, Conselho de Ordem, Planos de Saúde ou Carteira de Habilitação. Crianças: é obrigatória a apresentação do Passaporte ou da Carteira de Identidade original.
BAGAGEM: Trechos aéreos: 2 volumes com até 32 kg. por passageiro + bagagem de mão: 5 kg. Sempre que estiver na recepção de um Hotel ou restaurante, tenha o cuidado de não deixar sua bagagem de mão desacompanhada.
MOEDA: Nuevo Sol
VISTO: Não necessário.
LINGUAS: Espanhol
CARTÕES DE CRÉDITO: Aceitos na maioria dos hotéis, lojas e restaurantes. Não esqueça de desbloquear antes da viagem.
MELHOR ÉPOCA PARA VISITAR: Qualquer época do ano é boa para visitar o Peru.
[box type=”warning”] SAÚDE: É exigida apresentação do Certificado Internacional de Vacinação ou profilaxia contra a febre amarela. Aconselha-se a vacinação com uma antecedência mínima de dez dias antes da partida.[/box]
COMO CHEGAR
Há três opções de voos diretos para a capital Lima: AVIANCA, TAM E LAN. O táxi é o transporte mais prático para circular pela cidade, mas fique atento: eles não são equipados com taxímetros, então é melhor chegar a um acordo sobre a tarifa antes de iniciar a viagem. Também há ônibus urbanos que conectam o aeroporto com o centro da capital. Há quatro viações principais no país: Cruz Del Sur, Expreso Sial, Civa e Tepsa.
GASTRONOMIA
Imigrantes espanhóis, italianos e japoneses criaram suas próprias versões de receitas de sua pátria e as adaptaram ao que encontravam nos mercados locais. Com sua imensa variedade de batatas, milhos, tomates, pescados e pimentas, pratos cada vez mais elaborados e únicos foram nascendo e deram origem à cozinha local. Agora, o antes simples ceviche, uma marinada de pescados, amplia seus horizontes e ganha versões maravilhosas. Aqui também você encontra o pisco, a bebida nacional – um destilado do mosto da uva, base para elaborados drinques.
LIMA
MELHOR ÉPOCA PARA VISITAR: Qualquer época do ano é boa para visitar Lima, mas os mais sensíveis podem sofrer um pouco no inverno.
Não se deixe enganar pelo aparente caos urbano que surge à primeira vista: Lima, a capital peruana, guarda atrativos que valem a atenção dos turistas. E o melhor: com uma receptividade extremamente acolhedora. A antiga sede do vice-reinado da América do Sul ainda preserva seu passado colonial em lugares imperdíveis como o Centro Histórico, declarado como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco. Aqui, há construções bem preservadas que impressionam o visitante. Para começar, dê um passeio pela clássica Plaza das Armas e encontre símbolos arquitetônicos da cidade, tais como a Catedral, o Convento de San Francisco e o Palacio de Gobierno.
Para além de suas atrações que remetem ao passado, a capital peruana é o lugar certo para explorar a rica gastronomia do país. Não deixe de saborear deliciosos ceviches e pratos a base de milho e batata, ou algumas das frutas e pescados mais diferentes que você já viu em sua vida.
COMO CHEGAR
Há três opções de voos diretos para a capital: Avianca, Tam e Lan. O táxi é o transporte mais prático para circular pela cidade, mas atenção: eles não são equipados com taxímetros, então é melhor chegar a um acordo sobre a tarifa antes de iniciar a viagem. Também há ônibus urbanos que conectam o aeroporto com o centro.
ATRAÇÕES
Saindo do Centro Histórico, uma das das principais atrações da cidade, há outros pontos turísticos que valem a viagem. O Museu Larco, localizado em um belo casarão, guarda um número significante de peças que contam a história do país e de suas antigas civilizações.
O distrito de Miraflores é um dos pontos mais badalados da capital, com uma bela área arborizada onde os visitantes pausam para relaxar. O Parque La Reserva guarda uma atração noturna divertidíssima: o Circuito das Águas, com luzes que provocam encantamento no visitante. Por fim, o passeio pela Huaca Pucllana é imperdível. A construção piramidal é um sítio arqueológico que já foi considerado como um dos mais importantes centros cerimoniais dos povos pré-hispânicos do país. Hoje, ele serve como palco de shows e abriga um museu.
RESTAURANTES
Para curtir o emblemático ceviche, vá ao Costa Azul, especializado em frutos do mar. A tradicional receita peruana preparada aqui está entre as melhores da cidade. No La Locanda, localizado no Swissotel Lima, os pratos são preparados com extrema sofisticação. E o atendimento cordial é um dos pontos fortes. Por fim, vá ao Maido, um dos melhores e mais premiados restaurantes da capital peruana. O encontro de receitas japonesas tradicionais com as nikkei (como são chamados os descendentes de japoneses na América) é imperdível.
O QUE FAZER
CATEDRAL DE LIMA: Em estilo barroco, já foi reconstruída cinco vezes, em razão de dados causados por terremotos, sempre mantendo o projeto o mais fiel possível ao original, em 1555. Repare nos belos mosaicos e pinturas no altar de madeira entalhada. Em 1756, recebeu os restos mortais de Francisco Pizarro, que ocupam uma capela de mármore. Nos fundos, funciona o Museo de Arte Religiosa.
MUSEO NACIONAL DE LA CULTURA PERUANA: Fundado em 1946, guarda uma completa coleção de objetos etnográficos e de arte tradicional remanescentes dos primeiros anos da República Peruana, além de abrigar um acervo de 8 mil peças anteriores à chegada dos espanhóis no país.
MUSEO DE LA NACION: Os quatro andares do museu, inaugurado em 1990, são dedicados às manifestações culturais do Peru de diferentes períodos. Além das exposições temporárias, o local abriga réplicas da vida pré-colonial, tapeçarias cerâmicas, armas, mobiliário, vestuário e maquetes dos principais sítios arqueológicos do país.
MUSEO DO ORO DEL PERU: A história da arte da ourivesaria é o tema do museu, dedicado aos trabalhos realizados com ouro, prata e pedras preciosas durante os períodos pré-incas. Réplicas de objetos como narigueiras, mantos, braceletes e máscaras funerárias são alguns dos exemplares expostos.
PARQUE DEL AMOR: Não por acaso, no centro tem uma escultura chamada El Beso (O Beijo), de Victor Delfín. É um dos lugares preferidos pelo namorados por contemplar o pôr do sol com vista para o Pacífico.
BARRANCO: No início do século 20, dezenas de escritores viviam no bairro Barranco, o que lhe conferiu uma aura boêmia e romântica, mantida até hoje. Durante o dia, é a pedida para um passeio tranquilo por suas calles com artistas de rua e vendedores de livros usados e pelo agradável parque municipal. À noite, é um dos points da juventude em busca de diversão.
PLAZA DE ARMAS: Foi o centro da antiga Lima colonial e abriga ícones arquitetônicos da cidade como o Palacio de Gobierno, antiga residência de Francisco Pizarro e atual centro do poder político; a Catedral de Lima, templo religioso em estilo barroco com interior simples e que abriga um museu de arte sacra; e a Iglesia e Convento de San Francisco, construções do século 17 cujas galerias subterrâneas serviram como cemitério colonial e podem ser visitadas.
IGREJA E MONASTERIO DE SAN FRANCISCO: A Igreja e Monastério de San Francisco é famosa por suas catacumbas subterrâneas, que guardam os ossos de pelo menos 75 mil pessoas enterradas ali nos séculos 17 e 18 (uma tradição na época), e pela biblioteca com milhares de textos antigos, alguns da época pré-colonial. A igreja é uma das poucas construções que resistiram ao terremoto de 1746.
PARQUE DE LA RESERVA: O destaque do parque são as fontes de água, ou Circuito das Águas, que dançam conforme a música. O espetáculo é mais bonito à noite, com a iluminação colorida.
CASA DA GASTRONOMIA PERUANA: Um museu culinário dedicado à gastronomia do país, com quatro ambientes. Na Sala Permanente, o visitante informa-se sobre a alimentação nas culturas pré-colombianas. Na sala de audiovisual, há dois telões que mostram reportagens sobre a culinária no país. Há, ainda, uma sala é totalmente dedicada à história e à fabricação do pisco, a bebida nacional.
HUACA PUCLLANA: Considerado um dos mais importantes centros cerimoniais da cultura de povos pré-hispânicos no país, entre os anos 200 e 700 d.C., o sítio arqueológico é situado em Miraflores e impressiona pela construção piramidal de 25 metros de altura erguida com adobe, em uma área que chegou a ter 20 hectares. O local, que também serve como cenário para shows, abriga um museu que conserva peças encontradas durante as escavações.
MACHU PICCHU
MELHOR ÉPOCA PARA VISITAR: O ideal é planejar a viagem para abril, maio, junho, setembro e outubro. Nos demais meses chove ou tem turista demais.
Machu Picchu é simplesmente a atração número um do Peru, e talvez da própria América Andina. Desde que a descoberta científica da cidadela inca foi anunciada pelo historiador americano Hiram Bingham em 1911, sua complexa e misteriosa arquitetura encastelada, cravada em um cenário montanhoso dramático, vem atraindo turistas de todo o mundo. Tanta popularidade levou o destino, uma das sete maravilhas do mundo, a sofrer com o turismo desenfreado e alguns dos preços mais altos do país. Mesmo assim, hordas de turistas desembarcam sem parar nessa antiga cidade inca de pedra, seja pela clássica Trilha Inca ou por trens vindos de Cusco. E motivos não faltam para tamanha determinação. Machu Picchu, que em língua quéchua significa “montanha velha”, está localizada sobre uma montanha de granito e abriga impressionantes construções erguidas com pesados blocos de rocha. Cercado de enigmas a respeito de sua criação e serventia, o local, declarado pela Unesco como Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade, está a 112 quilômetros de Cusco e a 2.350 metros acima do nível do mar.
[box type=”download”] ATENÇÃO: devido à rápida degradação do sítio, o governo peruano vem limitando o número de visitantes ao local. Para quem viaja com agências, elas providenciarão a reserva para ingresso às ruínas. Turistas independentes, por outro lado, deverão fazê-lo com antecedência junto às autoridades.[/box]
COMO CHEGAR
Avião: De Lima para Cusco, há voos diretos por várias empresas. O Aeroporto Alejandro Velasco Astete fica a menos de quatro quilômetros da cidade.
Trilha Inca: Para alcançar Machu Picchu, uma das alternativas é fazer a pé a Trilha inca. São várias rotas para se chegar ao alto da montanha. A caminhada mais comum é a que leva quatro dias de duração e cruza montanhas como Warmiwañusqa e Runkuraqay, a 4.200 e 3.860 metros sobre o nível do mar, respectivamente. A viagem começa em Piskacucho, pequeno povoado localizado no km 82 da ferrovia Cusco-Machu Picchu, a mesma por onde passam os trens que ligam Cusco a Aguas Calientes (Machu Picchu Pueblo). Dali, a caminhada costuma seguir o seguinte roteiro: 1.º dia (sete horas): Piskacucho-Llulluchapampa; 2.º dia (oito horas): Llulluchapampa-Chaquicocha; 3.º dia (sete horas): Chaquicocha-Wiñaywayna; 4º (uma hora e meia): Wiñaywaya – Intipunku. Quem quiser ver as ruínas de Qoriwayrachina, Waynaq’ente e Machuq’ente deve seguir pela rota que sai do km 88 da mesma via férrea. O viajante que tiver menos tempo disponível pode realizar o roteiro de dois dias, que começa no km 104.
Trem: Esse é o meio mais popular para se chegar a Machu Picchu. O serviço é operado pela Peru Rail e pela Inca Rail. Cada empresa oferece três opções de trem todos os dias entre Cusco e Aguas Calientes, com distintas categorias e preços. A Peru Rail, por exemplo, tem o Vistadome, uma viagem de pouco mais de três horas em vagões com janelas e teto panorâmicos; o Expedition, voltado para mochileiros; e o Hiram Bingham, um serviço luxuoso da Orient Express que inclui refeições a bordo, transporte até a cidadela de Machu Picchu, acompanhamento de guia e um chá da tarde no Machu Picchu Sanctuary Lodge, o único hotel localizado na região de Machu Picchu. Uma vez em Aguas Calientes, o visitante deve caminhar 700 metros até a entrada do sítio ou tomar um dos ônibus que sobem até o local.
O QUE FAZER
HUANA PICCHU: A Montanha Jovem, como é conhecida Huana Picchu, é um dos principais símbolos locais. Desse pico a 300 metros da cidadela, o visitante tem uma ampla vista panorâmica de Machu Picchu, os típicos terraços incas e do Vale do Rio Urubamba. A trilha para a subida, que costuma durar duas horas, começa na praça principal da cidadela. O local, que também serve como cenário para shows, abriga um museu que conserva peças encontradas durante as escavações. Atualmente, é preciso reservar a subida ao topo de Wayna Picchu (em torno de R$ 100 por pessoa) por meio do site oficial www.machupicchu.gob.pe. A carga máxima permitida por dia é de 400 pessoas, divididas em turnos. Há dois horários disponíveis: das 7 às 8 horas e das 11 horas ao meio-dia.
TEMPLO DEL SOL: Única construção semicircular de Machu Picchu, o Templo del Sol está sobre uma rocha maciça e dele fazem parte as famosas janelas trapezoidais, cuja abertura recebe a luz do sol que é direcionada até a pedra central do templo no solstício de inverno. Também chamado de Torreón, fica integrado ao complexo que inclui a principal fonte de água, as três paredes de culto ao vento e o templo dedicado à Pachamama (mãe terra). Seu desenho aproveita a estrutura natural da rocha sobre a qual foi erigido. Abaixo há uma espécie de gruta que, acreditam os estudiosos, servia de mausoléu para alguns dos líderes do povo inca. A múmia de Pachacútec, considerado o maior soberano inca, teria morado ali até ser removida para destino ainda hoje desconhecido, um dos enigmas que os arqueólogos tentam desvendar nos Andes.
HIRAM BINGHAM: Nesse ponto de adoração e oferendas a deuses o explorador americano Hiram Bingham encontrou um grande número de múmias na época do descobrimento de Machu Picchu em 1911. Localizado abaixo do Templo do Sol, o lugar guarda uma gruta decorada e pode ter sido cenário de tumbas incas. A múmia de Pachacútec, considerado o maior soberano inca, teria morado ali até ser removida para destino ainda hoje desconhecido, um dos enigmas que os arqueólogos tentam desvendar nos Andes.
TEMPLO DE LAS VENTANAS: Uma das vistas mais extraordinárias de Machu Picchu, esse templo a leste da praça principal é conhecido pelas três janelas (ventanas) que adornam um terreno retangular. Fica no setor sagrado da cidade, ao lado do Templo Principal, de frente para a montanha Putucusi, um dos Apus sagrados no entorno do Vale do Rio Urubamba. Construção característica da arquitetura inca, concebida com enormes blocos de pedra finamente talhados e encaixados à perfeição. As janelas representariam os três níveis em que os incas dividiam o mundo: o céu (vida espiritual), a terra (vida mundana) e o subterrâneo (vida interior). A construção está integrada ao Templo Principal, palco dos cultos mais importantes da época incaica.
INTIHUATANA: é o relógio solar ou “lugar onde se amarra o sol”, na língua quéchua. Está situado no ponto mais alto de Machu Picchu e encabeça o setor sagrado. Delicadamente esculpida, a peça se alinha aos pontos cardeais e era utilizada para registrar a passagem do tempo, além de auxiliar nos ciclos de agricultura. Turistas costumam estender as mãos por cima do monólito, que não pode ser tocado, para captar a suposta energia que dele emana.
INTIPUNKU: em quéchua, significa Porta do sol. Depois de três dias de caminhada na trilha Inca, é deste ponto que os turistas vislumbram Machu Picchu pela primeira vez. Eles procuram chegar à Porta do Sol com a alvorada. Pouco a pouco a cidadela de pedra vai ficando dourada com os primeiros raios de sol. Um espetáculo diário. Para quem sobe a montanha de ônibus, a caminhada de Machu Picchu até a Porta do Sol leva cerca de duas horas. É um passeio bastante agradável para observar a rica fauna e flora da região, especialmente no que diz respeito a orquídeas (372 tipos cadastrados) e borboletas (200 espécies). Além de uma vista encantadora, na volta você poderá adentrar a cidadela por sua porta principal, única entrada que dava acesso a Machu Picchu no período inca.
TEMPLO DEL CONDOR: é um exemplo de arquitetura integrada à natureza, característica do apogeu do domínio inca na América do Sul. A pedra no solo representa o corpo da ave, cuja missão, na visão andina, é conduzir os mortos ao céu e fazer a conexão entre deuses e mortais. As paredes laterais conformam as asas do condor, animal sagrado para os incas. O templo está situado na parte baixa da cidade, próximo da Acllahuasi (casa das mulheres escolhidas, ou Virgens do Sol), do lado do Setor Urbano, oposto ao Setor Nobre. Parte das terrazas servia como área agrícola. Sua função mais importante, contudo, é dar suporte à cidadede Machu Picchu e prevenir a erosão do solo por meio de um engenhoso sistema de drenagem. Por isso, ocupam o entorno de toda a montanha onde está encastelada a cidadela, debruçada sobre o Vale do Rio Urubamba.
ESCADARIA DAS FONTES: Os incas canalizaram um manancial oriundo dos lençóis freáticos de dentro da montanha para abastecer Machu Picchu. Da saída de água original, criaram outras 16 fontes artificiais orientadas em diferentes direções, de modo a contemplar toda cidade. As áreas nobres recebiam fluxo contínuo de água e possuíam canais privativos de deságue.
ACLLAHUASI: corresponde ao grupo residencial que abrigava as “acllas” (“escolhidas”, em quéchua). As mulheres escolhidas pelo inca, também chamadas de virgens do sol, desempenhavam atividades específicas, tais como a produção de roupas e de chicha (bebida fermentada a partir do milho) para uso e consumo da nobreza. Elas também estavam incumbidas de cuidar das cerimônias sagradas e algumas poderiam até ser sacrificadas em reverência a Inti (Deus Sol). Nesse conjunto residencial há dois utensílios de formato côncavo lavrados em pedra no solo. Serviam para a elaboração de alimentos: ali as mulheres maceravam sementes e frutos. Mas há quem acredite que também poderiam servir para a observação das estrelas, já que funcionam como espelhos quando cheios de água.
PLAZA PRINCIPAL: era o espaço público em que ocorriam as celebrações mais importantes no tempo dos incas. Acredita-se que ela estava ornamentada com ushnus (altares cerimoniais), como ocorria em outras cidades incaicas. Conta-se ainda que no centro da praça haveria uma pedra lavrada com inscrições, mas tal estrutura foi removida dali para que o helicóptero do rei da Espanha pudesse aterrissar, fato ocorrido em 1976. Desde então, nunca mais a puseram de volta ao seu lugar original, o que gera críticas e acaloradas discussões – há quem duvide e há quem defenda fervorosamente a história. No extremo norte da Plaza Principal fica uma pedra sagrada que reproduz um dos Apus que cercam a região do Vale do Rio Urubamba. Ali inicia-se a trilha rumo a Huayna Picchu. Hoje em dia está proibida a circulação de pessoas na praça. Apenas as llamas, que ali pastam, estão autorizadas a tocar seu solo sagrado.
PEDREIRA: Na parte alta de Machu Picchu há uma área repleta de rochas graníticas de diversas formas e tamanhos parcialmente trabalhadas. Seriam certamente empregadas na construção de novos edifícios ou monumentos na cidade – assim como ocorre em qualquer lugar do mundo, Machu Picchu seguia em transformação quando foi abandonada. Ali os guias se esforçam para mostrar as técnicas utilizadas para cortar, esculpir e polir as pedras sobrepostas sem uso de argamassa, marca registrada da engenhosa arquitetura incaica.
PONTE INCA: Uma caminhada leve, de cerca de meia hora, leva à denominada ponte Inca, situada num vertiginoso ponto de acesso a Machu Picchu. É um passeio bem tranquilo, talvez o que registre o menor fluxo de turistas no local, e oferece como recompensa uma vista emocionante do desfiladeiro com o rio Urubamba serpenteando ao fundo.
PUTUCUSI: “montanha feliz” em quéchua, é um desafio e tanto para quem quer apreciar Machu Picchu de um novo ângulo. A caminhada até seu topo, a 2.400 metros sobre o nível do mar (altura similar à da montanha encimada pela cidadela de pedra), leva cerca de três horas e exige bom preparo físico. É preciso, claro, ter o acompanhamento de um guia. Putucusi é um dos Apus (montanhas sagradas) no entorno de Machu Picchu.
TEMPLO DE LA LUNA: É um complexo de grutas situado na parte posterior de Huayna Picchu. Algumas delas foram forradas com pedras finamente trabalhadas e encaixadas conforme os contornos da montanha. Há portas falsas e os famosos nichos trapezoidais característicos da arquitetura incaica. Embora ninguém saiba exatamente qual era sua serventia, fica evidente que se tratava de um lugar especial: dedicado a cultos ou, mais provavelmente, a funções funerárias. Teorias sustentam que tumbas e múmias que supostamente ali se encontravam teriam sido saqueadas por “huaqueros” (ladrões de tesouros arqueológicos). O caminho até o Templo de la Luna parte de uma bifurcação da trilha que leva ao topo de Huyana Picchu e dura cerca de uma hora e meia.
CUSCO
MELHOR ÉPOCA PARA VISITAR: Em Cusco, há duas estações, a seca (abril a outubro) e a chuvosa (novembro a março). O Festival do Sol, o Inti Raymi, ocorre em 24 de Junho e é o ponto alto do calendário local.
Basta perguntar para qualquer turista que visite Cusco e a maioria responderá que o principal objetivo da viagem até essa cidade do sudeste do Peru é o sítio arqueológico de Machu Picchu. Talvez seja em razão desse concorrente tão famoso que a antiga capital do império Inca seja um dos destinos peruanos com melhor infraestrutura turística do país. Mas basta se deter um pouquinho mais por ali, andar pelas ruelas e misteriosos becos de pedra, para entender por que a cidade foi declarada Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco. Localizada 3.399 metros acima do nível do mar, Cusco guarda construções coloniais de estilo barroco andino erguidas sobre restos de edificações incas, como é o caso de quase todas as igrejas, observadas por milhares de visitantes de todos os cantos do planeta. Do passado inca o mais imponente legado são as ruínas da fortaleza de Sacsayhuamán e o Inti Raymi, o Festival do Sol, uma celebração no solstício de inverno, comemorado em 24 de junho. Dica: não deixe de adquirir um passe turístico de acesso a diversos museus e sítios arqueológicos. Sai mais barato do que comprar as entradas separadamente. Os valores variam de 70 soles para estudantes a 130 soles para adultos.
COMO CHEGAR
De Lima para Cusco, há voos diretos por várias empresas. O Aeroporto Alejandro Velasco Astete fica a menos de quatro quilômetros da cidade.
O QUE FAZER
CATEDRAL DE CUSCO: A construção dessa igreja imponente localizada na praça mais popular de Cusco levou mais de 100 anos para ser concluída. Sua arquitetura híbrida, que mescla os estilos gótico-renascentista e barroco, fazem do local um dos mais belos e impressionantes cartões-postais do destino. Os destaques são seu acervo de pinturas realizadas durante a chamada Escola Cusquenha e objetos de prata. Repare nos detalhes incas dos trabalhos que foram realizados por mão-de-obra indígena.
COMPLEXO ARQUEOLÓGICO DE SACSAYHUAMÁN: A edificação é uma fortaleza que, embora tenha sido erguida com fins cerimoniais, foi considerada de uso militar pelos colonizadores espanhóis. O atrativo está 3.700 metros acima do nível do mar e se localiza em uma área de pouco mais de 3 mil hectares, onde repousam pesadas rochas com 5 metros de altura e 350 toneladas. Não deixe de percorrer os túneis subterrâneos e anfiteatros do antigo templo inca.
MUSEU DE ARTE PRECOLOMBINO: O acervo é proveniente de um museu de Lima e é formado por peças que remontam à arte pré-colombiana. Cerâmicas, joias e objetos feitos de ouro recontam mais de 3 mil anos de história do Peru. O museu se localiza em um edifício histórico que mistura muros incas com sacadas espanholas e que serviu como sede do Convento de Santa Clara. Até o segundo semestre de 2013, o museu permanecerá fechado para obras. A expansão ampliará o espaço em 70% com a adição de mil metros quadrados.
MUSEU INCA: O acervo arqueológico desse museu localizado em um casarão colonial impressiona pela variedade de peças. A coleção inclui cerâmicas como vasos cerimoniais, roupas e até múmias do período inca. Outro destaque são as pinturas do século 17 realizadas durante a Escola Cusquenha.
PLAZA DE ARMAS: Conhecida entre os incas como lugar de encontro ( “Huacaypata”, no original inca), a praça é o marco de todo o Centro Histórico e concentra as construções mais impactantes de Cusco e os principais serviços voltados para o visitante, como casas de câmbio, restaurantes e agências de turismo. Ali o colonizador espanhol Francisco Pizarro declarou a conquista da cidade, e o lugar era considerado um importante setor cerimonial.
QORIKANCHA: Outra das atrações históricas imperdíveis de Cusco, já foi considerada uma das construções mais impressionantes erguidas na antiga capital inca. Erguido em homenagem ao deus Sol, no século 15, o templo chegou a ter o interior coberto com folhas de ouro, mas sua estrutura ficou escondida quando os colonizadores espanhóis construíram a Igreja de Santo Domingo sobre o original, em 1534. Atualmente, o local guarda um rico acervo formado por objetos pré-hispânicos.
MUSEO MACHU PICCHU: É a mais nova atração de Cusco. Instalado nas dependências da Casa Concha, está exposto o tesouro arqueológico de Machu Picchu. As peças foram extraídas do sítio arqueológico pela equipe liderada por Hiram Bingham no início do século passado e permaneceram em poder da Universidade Yale, nos EUA, por 100 anos. Apenas em 2011 começaram a retornar ao Peru, depois de anos de disputa. Finalmente, os turistas podem ver o legado original do sítio arqueológico. A visita começa com uma impressionante maquete de Machu Picchu e culmina com um tour virtual pela cidadela de pedra. No meio do caminho, toda a riqueza encontrada durante as escavações: vasos cerimoniais, contextos funerários, objetos de uso cotidiano e até um esqueleto fazem parte do acervo.